Wednesday, July 22, 2009

E VÃO TRES...

Já são tres ex-membros do governo de Cavaco Silva metidos até ao pescoço na roubalheira do BPN e da SLN. O próprio Cavaco ainda não explicou muito bem como é que comprou acções não cotadas (e portanto sem valor determinado pelo sacrossanto mercado) por €1 cada e as vendeu cerca de um ano depois a mais de €2,quási triplicando o empate inicial. Se as acções não estavam cotadas em bolsa, quem foi a alma caridosa que lhes atrbuiu o preço de mais de €2,providenciando tão simpáticas mais valias ao ex-primeiro-ministro, aquele que uma vez alertou os compradores de acções em bolsa que andavam a comprar gato por lebre. Pelos vistos, ele não.
Depois, segundo declarou ambiguamente, sofreu muitas perdas com as suas aplicações no BPN e na SLN . Pelos vistos, continuou a acreditar naquelas entidades, o que demonstra falta de senso, pelo menos. Mas perder não recomenda nimguem para coisa nenhuma, sobretudo sendo por falta de senso.
Aliás aquele governo de Cavaco Silva é um mistério.Os deputados do PSD, incluindo o seu lider,agora despachado para o Parlamento Europeu para não ter ideias,passam a vida a dizer que nos últimos 14 anos o PS esteve 10 anos no poder e eles só 4, atribuindo por isso todas as culpas do que acontece de mau a este país aos governos PS.Todavia se forem mais para trás e juntarem os 10 anos de governo PSD de Cavaco Silva já têm 14 anos de governos PSD e só 10 PS. Segundo o insuspeito Cadilhe foram os governos de Cavaco Silva que geraram o monstro Estado,para ele a origem de todos os males.Não tem totalmente razão porque já antes, o actual aliado do PSD, o PCP, tinha engurgitado o Estado de coisas e bens, com as suas nacionalizações e reforma agrária, atirando-o para a quási falencia de que o salvaram os primeiros governos constitucionais do PS, com Mário Soares a primeiro-ministro.Depois veio o iluminado R. Eanes que com os seus governos de iniciativa presidencial atirou o país para os braços da Aliança Democrática que cumpriu a sua missão de pôr de novo Portugal à beira da falência, à custa do enriquecimento de alguns. Depois veio de novo o PS( de que o povo portugues sempre se lembra quando está num beco sem saída) e, com ele Mário Soares(o melhor primeiro-ministro que o Portugal pós 25 de Ablil teve)o qual teve a coragem de, a contra gosto, impor ao povo os sacrificios que a situação exigia mas, ao mesmo tempo, criando as condições necessárias para a adesão à Europa e, em consequencia, abrindo aos portugueses a possibilidade, e dando-lhes as ferramentas, de terem um futuro de progresso e bem-estar.
Nesta altura entrou em acção, de novo,o inqualificável Eanes que se lembrou de uma coisa que nenhum presidente democrático alguma vez fez;fundou um novo partido, com dissidentes do PS, para dividir este partido e assim impedi-lo de conquistar o poder que,pelo que tinha feito, mais do que qualquer outro merecia.
Foi assim que o PSD ganhou as eleições, com Cavaco Silva, escolhido à pressa na Figueira da Foz, como primeiro-ministro.Ele já tinha sido ministro das Finanças com Sá Carneiro, no tempo da Aliança Democrática, mas quando viu que a sua politica conduzia à falencia deu o fora, sem deixar saudades.
Mas agora vinha mais venturoso que o rei D. Manuel 1º.
Mal chegou caíram-lhe em cima os milhões de milhões de Bruxelas. Depois o petróleo caíu para o preço mais baixo de sempre:esteve a 10 dólares o barril e nunca subiu a mais de 30.Para ajudar os americanos lembraram-se de desvalorizar o dolar; foi em pouca coisa mas para um país, como Portugal, que tinha a sua divida externa expressa em dólares, foi uma poupança de milhões que fizeram muito geito.
Que fez o actual Presidente da Rèpública a todo este maná? Gastou-o e mal!

Parte foi para as auto-estradas e IC'´s ;mas este ainda foi, dos males, o menor, pois apesar de haver farta roubalheira na construção das vias e no aumento dos preços das empreitadas, com nova legislação feita a preceito, acabou por se construir uma rede de estradas nova que teve alguma utilidade.

Depois veio a reforma do sistema remuneratório da Função Pública, com o aumento dos indices remuneratórios, sobretudo nos lugares de topo, a criação das hoje célebres promoções automáticas ( que nao eram nada disso, mas que se transformaram nisso graças a uma total falha de avaliação dos funcionários promovida pela clique das corruptas chefias cavaquistas que levava a que, tendo todos bom ou muito bom, todos mudassem de escalão d e 3 em 3 anos-excepto algumas personas non gratas politicamente, não dispostos a fazer fretes que esses ficavam a marcar passo, mas tambem não por muito tempo). Foram tambem criadas inúmeras carreiras especiais, com beneficios remuneratórios e outros cuja maioria se não justificava e que apenas serviam para dar chorudos tachos a amigos e comparsas. Uma das mais espantosas foi a carreira de investigação, cujos funcionários, quási todos saídos da Técnica superior, passaram a ganhar quási o triplo, pouco ou nada investigaram,pelo menos no interesse do país, e que ficaram num regime de dedicação exclusiva que tem tantas excepções que deve ser o regime com menos dedicação exclusiva de toda a função pública. Esta carreira, tanto ao nível universitário como de serviços públicos, tinha porta aberta de acesso aos fundos comunitários,que proporcionavam pingues rendimentos extra a quem se introduzia nos esquemas. Basta ir ao tribunal analizar a insolvencia do ITEC ( o outro Técnico, como era conhecido em Bruxelas), para ter uma pálida ideia da pouca vergonha que tudo aquilo era. Compraram-se prédios,depois revendidos a associações amigas e nunca pagos pelo seu real valor, compraram-se carros de alto preço e alta cilindrada onde se pavoneavam gestores incompetentes e pouco sérios, compravam-se equipamentos técnicos de alto gabarito e preço, nunca utilizados pelo comprador e depois penhorados por um banco e revendidos ao próprio Técnico, por venda judicial, por um preço,ao que consta, de cerca de 4% do seu valor real. Nimguem foi preso. Ainda, ao que consta, recentemente foi vendido o único bem aproveitável do ITEC, um edificio construido em direito de superficie nos terrenos do INETI, no Lumiar, que passaram por artes mágicas de um decreto-lei para o IAPMEI. Foi este quem comprou o edificio, parece que pela módica quantia de 7 milhões de euros, quando tinha sido avaliado pelo Ministério das Finanças em 3 milhões.

Com os novos vencimentos, as promoções tornadas automáticas, as carreiras especiais com inúmeras vantagens e excepções e os negócios paralelos que tudo isto permitia, a função pública tornou-se altamente atractiva para o lusíada que começou a esfalfar-se e a meter cunhas para conseguir um postozito que lhe abrisse as portas para aquele céu de oportunidades.Muitos conseguiram.Mas por muito boa vontade que tivessem as chefias cavaquistas, não podiam fazer de todos os portugueses funcionários públicos, embora gostassem (era uma forma de garantir a multiplicação das maiorias absolutas e fazer do continente outra Madeira). Mas desuharam-se a meter gente com estatutos esquisitos e muitas vezes ilegais. Eram bolseiros , estagiários,avençados,afectos e pagos por projectos financiados pela Comunidade, depois União Europeia, empregados em associações, fundações, Centros Tecnológicos ou Cientificos e mais uma miríade de designações, tudo financiado com dinheiros públicos ou comunitários e que tinham a caracteristica, salvo raras excepções, de não produzir nada mas pagar salários ou avenças ou outos estipendios.

Quando a Cavaco, talvez agoniado com tanta pouca vergonha,lhe deu o tabú e se foi embora, foi Guterres que lhe aparou a herança, com sindicatos aos berros que toda aquela malta admitida pelo cavaquismo, nas bordas da função pública e sem objectivos concretos, estava afinal a satisfazer necessidades permanentes do serviço e devia portanto ser integrada na dita função. Guterres aparou o jogo e fez uma lei permissiva nesse sentido, com uma execução pouco rigorosa, que facilitou a entrada de milhares de cavaquistas na função pública. Assim se creou o monstro de que fala Cadilhe. Mas ainda falta o melhor da festa: a formação, com a qual se desbaratou, sem proveito, grande parte do maná vindo de Bruxelas Mas isso fica para um segundo artigo desta série do E VÃO TRES.

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